sexta-feira, 2 de março de 2012

O Capitalismo


“NÃO BASTA ENTERRAR O CAPITALISMO, É PRECISO SEPULTÁ-LO VIRADO COM A BARRIGA PRA BAIXO. PARA QUE, CASO QUEIRA SAIR, SE ENTERRE MAIS AINDA” de Don Durito de la Lacandona.
É fato que o sistema capitalista cresce dia após dia e provoca muitas mudanças (direta e indiretamente) em todos que convivem com tal realidade. Uns sentem-se vítimas, enquanto outros, sentem-se desiludidos e há também quem sinta e relate que seria necessário um “resgate” aos valores antigos. Certo. Questionamentos são sempre favoráveis. E dentre muitos que podemos pensar, destaco que é importante lembrar que, “O privado funda o público”. Abordarei isso depois...
Cotrim (2002) relata que “o homem primitivo possuía vários temperamentos semelhantes ao de animais, estes, caçavam em grupo para se alimentar, apresentavam uma postura pouco ereta, não utilizavam da racionalidade para pensar sobre suas ações e davam grande vazão aos seus instintos, inclusive, os agressivos e sexuais”. Um pouco depois, Freud constatou em seus estudos que viver em civilização exigiu grandes mudanças a toda humanidade, tendo que renunciar parte de seus dois instintos primitivos, o sexual e o agressivo.
Para a psicanálise o que vai diferenciar a espécie humana das demais é a linguagem, sendo ela, a via de acesso e a única forma de tratar esse mal estar decorrente dessa renúncia. Assim sendo, a linguagem é exatamente o que caracteriza a constituição humana. É importante destacar [mais uma vez] que para a espécie humana viver, se constituir e se construir como civilização, foi necessário abrir mão de parte de seus instintos agressivos e sexuais tão presentes desde seus primórdios. Em “O mal Estar na civilização” Freud (1930) fala de uma renúncia pulsional necessária para que os homens se constituam numa civilização.
“Quando não conseguimos nos fazer ouvir, ou melhor, quando nossas palavras não são reconhecidas, só duas coisas podem ocorrer: ou se cai em cena objetificado, mortificado, ou então, surge à violência, numa tentativa atroz de sobreviver ao massacre: “ou eu” ou “o outro”. Ou seja, a violência surge a partir do momento em que as palavras não têm mais eficácia”. (Mehri p.54).
Essa agressividade e sexualidade se encontram em todos nós, desde sua forma mais simples quando discutimos, brigamos, difamamos alguém, ou quando passamos para atos mais impactantes, como por exemplo, assassinar ou matar alguém.
O sistema capitalista dita às regras: “individualizem-se, consumam, comprem, ordenem-se, controlem-se, trabalhem como máquinas incessantemente e sintam-se felizes por isso, não chorem, não pare! Esqueçam que são humanos. Produzam; custe o que custar” Vendam sua força de trabalho. Sua saúde. Sua alma”. Ora, o que faz o mundo girar é o dinheiro. E a qualquer custo.
Deixo a discussão em aberto, e algumas questões breves: o que estamos fazendo (ou deixando de fazer) para contribuir com tal realidade? Há a necessidade de dar voz a crise, convidar esses sujeitos que cometem tais atos – seja em qual gravidade for, a se pronunciarem, pois através de tais atos fazem um apelo, pedem um olhar, gritam desesperados “me dêem voz, o direito de falar, se não, farei em ato”. Que políticas públicas são feitas (e reivindicadas por nós) para que tal realidade possa começar a sofrer mudanças que são desejadas? Entre outras mais, é importante ter-se a clareza que a agressividade esta para todos, seja em ato ou em palavras. E que somos participantes ativos de tal realidade na qual nos encontramos. Quando tiramos o direito de um sujeito de articular o seu saber, a sua palavra, estamos matando-o, abrindo novas possibilidades de possíveis situações que prejudiquem não só ele mas também os demais. E ai eu pergunto: “Será que eu vou ter que matar para viver?”. Será que já faço isso?
Eu tava aqui pensando....

▬ André Nascimento.

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