segunda-feira, 13 de agosto de 2012

O pai conectado! (Nazar)

O pai conectado!  Hoje é o teu dia e de mais ninguém. Prometo que mamãe não vai te perturbar, você vai esquecer as coisas do trabalho, e nenhum dos seus filhos vai te pedir nada. O dia é somente seu, o que você quer fazer, onde vamos almoçar? Você consegue dizer?  Pois é, meu pai, todas as vezes que você dava sua bronca por me ver conectado, eu via, no brilho do seu olhar, um ponto de desejo, algo que dizia de uma curiosidade, de alguém que queria alguma coisa amais. Pensei comigo,meu Deus, ele quer participar, quer tornar-se um pai conectado! Mas, foi aí que me perdi pensando, de que maneira eu poderia saber o que lhe falta, o que o angustia, quais as suas fragilidades? Pude ver, então, com meus próprios olhos que, por traz da figura de um pai preocupado, existe um homem, um homem que se esconde nas suas obrigações, que guarda seus sentimentos, mas que está louco de vontade para se soltar, falar não importa o quê. Um pai que quer me ensinar, confesso que comecei a gostar da ideia. Mesmo se tratando de um querer meio que desajeitado, quase sem graça, não sabendo como pedir, vi que você deseja alguma coisa. Meu pai quer mesmo entrar na rede, que se conectar. Mas, então, eu me pergunto: será que você vai se permitir? Sei que não será fácil, porque sua vida foi pautada numa espécie de servidão. Sempre foi um bom pai, nunca deixou faltar nada à família, nunca recusou ajudar seus amigos. Isso me levou a guardar a imagem de um pai onipotente! Não entendo por que, mas você se acostumou a ficar no lugar de provedor, que é por onde sente-se amado, querido, fazendo para os outros. Agora, meu pai, você vai entrar na onda, vai se conectar, deixar que seus pensamentos venham à tona, vai colocá-los em palavras escritas. E, então, meu pai, o que você quer? Diga, o que você gostaria de pedir, pois alguma coisa lhe falta, não é mesmo? Vamos lá, você vai conseguir, descobri que o caminho para você se abrir, um novo caminho para deixar escorrer suas alegrias, suas dificuldades, de transmitir seus aborrecimentos, ou seja, de deixar falar o que pensamos seus sentimentos verdadeiros, seria o de um pai conectado. Chegou a hora de resgatar coisas interessantes de um tempo adormecido da nossa relação. Sim, papai, você vai ver como é bacana, como é gostoso poder se comunicar, pai e filho, falar das emoções que deixamos de lado, coisas de que não falamos, tudo que fomos jogando para debaixo do tapete. Vamos inaugurar uma nova relação pai-filho plena de sentimentos construtivos, trocas verdadeiras, diálogos mais francos, permitir que nossos erros e acertos, possam ser escritos sem pudor. Quantas vezes, não deixei de lhe falar de minhas inseguranças, em função de um medo idiota, não querendo te desapontar? Precisamos nos resgatar, um ao outro, isso é sublime, esse tempo não pode ser perdido! Você agora vai entrar na rede, vamos nos comunicar direto, sem interferências. Vai ser um barato, vamos brincar como antigamente, mas de maneira diferente, nem da sua, menos ainda da minha, mas como os tempos modernos se apresentam, oferecendo novas ferramentas. Pois é, meu pai querido, novas pontes serão construídas, abolindo vergonhas e constrangimentos. Vamos deixar as mascaras caírem, vamos falar um para o outro. Você, agora, será um pai conectado! Mamãe, é lógico, vai ficar com muito ciúme. Mas, aí, é com vocês dois, você pode inseri-la em nosso contexto virtual. Os filhos de hoje, não têm mais como retornar aos tempos de antigamente.

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